Lugares e sítios de Soutelinho da Raia

Açoreira ou Assureira?

• açoreira

O nome (topónimo) Açor que indica localidades, lugares ou sítios ocorre, normalmente, em lugares elevados e pontiagudos, com vales profundos, como é o caso da Serra do Açor, entre a Estrela e a Lousã.

Muita gente relaciona este topónimo com a existência de belos exemplares da ave de rapina com o mesmo nome (açor) apreciadora de lebres, pombos e perdizes.

Em Soutelinho da Raia também possuímos uma “açoreira”, possivelmente devido à presença desta ave, visto que o lugar não é muito elevado.

• assureira

Assureiras provém de Azoreiras, topónimo que alguns documentos de Oviedo do Século VIII, IX e X, empregam para designar matas, montes ou devesas, destinadas essencialmente para a produção de lenhas.

São vários os estudos e as explicações dadas para a origem do nome de “açoreira”, por exemplo, em vários documentos, desde o Séc. VIII até ao Séc. XII, o nome aparece escrito de duas formas, “Assoreira ou Assureira”, que, na altura significava “matas”, “devesas” ou “moutas”.

Outras fontes defendem que a palavra Açoreira deriva de Assoeira que significava imagem pintada ou esculpida ou ainda terra que produzia “nespas”.

Alguns autores, recorrendo ao “Portugalie Moimenta Histórica”, lembram que, nas Ordenações de D. Duarte, os açoreiros eram os homens encarregados dos Açores para caçar.

Portanto, a nosso ver, a “assureira”, incluindo o sítio de Soutelinho da Raia com esse nome, será uma mata ou devesa onde se caçava com açores ou existia esta ave em liberdade.

Anta

Antas ou dólmens são monumentos megalíticos tumulares coletivos (datados desde o fim do V milénio a.C. até ao fim do III milénio a.C., na Europa).

As antas caracterizam-se por terem uma câmara de forma poligonal ou circular, que era utilizada como espaço sepulcral. A câmara era construída com grandes pedras verticais que sustentam uma grande laje horizontal de cobertura. As grandes pedras em posição vertical, chamadas esteios ou ortóstatos, são em número variável entre seis e nove. A laje horizontal é designada de chapéu, mesa ou tampa. Existem câmaras dolménicas que chegam a ter a altura de seis metros.

Que significa afinal o nome "Anta" em Soutelinho da Raia? Existiu ou ainda existe algum momunento funerário dos nossos antepassados na nossa aldeia?

Bezerreira

1. Bezerreiro – Pode significar o curral para bezerros ou aquele que cria e trata de bezerros.
2. Abrigo do pastor

Os abrigos de pastor são feitos de diversos materiais: xisto, granito, madeira… e servem para resguardá-lo das intempéries. Muitos deles têm também a função de abrigar os próprios animais.

Em Portugal, existem (ou existiam) os cortelhos que são pequenas construções usadas para abrigo dos pastores, encontradas por exemplo na Serra da Peneda. Estes cortelhos têm geralmente de base circular e podem ter um ou dois pisos, com um diâmetro que pode ir até cerca de 3 metros e uma altura que pode atingir 4 metros. Algumas destas construções são cercadas por um muro, chamado “bezerreira”.

Assim, do nosso ponto de vista, o nome “bezerreira” de Soutelinho da Raia poderia significar:

• um espaço cercado por um muro e destinado a guardar animais principalmente à noite,
• bem como o local que, devido à sua verdura, cria e trata bezerros.

Calcanhar

Casinha da gafa

Corga da besta

Corgo

O corgo pode ser
•    um caminho apertado entre montes
•    rego ou curso por onde corre bastante água;
•    regueiro, riacho, ribeiro

Segundo o Dicionário da Real Academia Galega, o corgo tem mais ou menos o mesmo significado e pode ser:
•    a represa natural ou artificial de um rio, utilizada para curtir o linho e de onde se recolhe água para rega;
•    um caminho estreito e profundo que passa geralmente entre vales.

Cubo

Fonte cerdeira

A “fonte cerdeira”, sendo um sítio de Soutelinho, poderá indicar um local húmido ou com água corrente (fonte) e onde, provavelmente, existiria uma ou várias cerejeiras (cerdeira).

A palavra “cerdeira” surgiu pela primeira vez escrita num documento em Portugal em 1102 e só mais tarde (em 1548) aparece a referência a cerejeira. O nome é muito comum em Portugal e na Galiza para referir localidades.

Forno telheiro

No baldio da Corga-da-Besta, junto ao rego de água, foi construído o "forno telheiro", uma cova redonda escavada no chão, onde era cozida a argila, material com que se fizeram as telhas, para substituir as colmadas que, até então, cobriam as casas e os palheiros da aldeia de Soutelinho da Raia.

Freijoal

Lagas

Provavelmente corresponde ao plural de “laga” (feminino de lago) que significa uma represa de água em ribeiro onde se mete o linho a curar.

Lama do boi

Lamarelhos

Largateira ou Lagarteira

• Lagarteira

Possivelmente o nome da encosta cheia de carquejas e de mato, de onde é possível ver a nossa aldeia e ao qual vulgarmente se chama de “largateira”, afinal seja “lagarteira” e derive do nome “lagarto” + “-eira” (-eiro: local).

Neste sentido, “lagarteira” significa toca ou buraco onde se abrigam os lagartos.

• Lagarteira

segundo o dicionário de topónimos galegos, é também o nome dado a uma ave de rapina que se alimenta de lagatixas e que possui uma visão perspicaz.

Poldras

Raia

A “raia” corresponde à fronteira ou linha que divide os territórios de Portugal e de Espanha.

Podendo significar também uma risca, um traço, um sulco ou um ponto extremo, a “raia” corresponde ainda ao espaço geográfico, de um e de outro lado da fronteira política, em que as populações partilham elementos históricos, linguísticos, culturais e económicos.

Portanto, em Soutelinho, a “raia” indica um espaço que se situa muito próximo da fronteira com o país vizinho.

Trás-das-cortinhas

Trogueira

Vale de abrigo

Vale do cabo

Valongo

O nome valongo deriva da expressão latina “vallum longum”, que significa “vale longo”.

Assim quem quiser confirmar se o nosso valongo é mesmo um “vale comprido, extenso, longo”, apenas tem de fazer um passeio até esse sítio da nossa aldeia.

Veiga

Planície fértil e cultivada; várzea. Este nome é muito comum em Portugal e em Espanha.

Pode ser usado como regionalismo (principalmente no Minho) para indicar um terreno de cultivo de centeio ou milho serôdio.

Esta palavra deriva do nome castelhano “vega” que significa um terreno com leito fluvial e que pode ser inundado com a eventual subida da água do rio.