A castanha

03-11-2011 01:11

Com o Outono chegam as castanhas assadas. Actualmente são quase um pitéu, mas, noutros tempos, tiveram uma enorme importância na dieta dos portugueses. No século XVII, eram mesmo um dos produtos básicos da alimentação dos transmontanos e beirões, chegando, se necessário, a substituir o pão ou as batatas.

A castanha é usada na alimentação desde tempos pré-históricos e a respectiva árvore - Castanea sativa  -  foi introduzida na Europa há cerca de três mil anos.

A castanha que comemos, sendo uma semente (surge no interior de um ouriço - o fruto do castanheiro) à semelhança das nozes, tem menos gordura e muito mais amido (hidrato de carbono), o que lhe dá outras possibilidades de uso na alimentação. As castanhas têm mesmo cerca do dobro da percentagem de amido das batatas. São também ricas em vitaminas C e B6 e uma boa fonte potássio.

Podem ser comidas assadas ou cozidas com erva-doce. Mas, antes de cozinhadas, deve-se retalhar a casca. Contendo bastante água, quando aquecidas, essa água passa a vapor. A pressão do vapor vai aumentando e "empurrando" a casca e, se esta não tiver levado um golpe, a castanha pode explodir.

Quando cozinhamos alimentos com elevadas percentagens de amido um dos objectivos é torná-los digeríveis. A frio, a estrutura do amido mantém-se inalterada. Mas, quando é aquecido na presença de água (e a castanha contém água na sua constituição), grandes modificações ocorrem. A energia térmica introduzida enfraquece as ligações entre as moléculas do amido, a estrutura granular "relaxa" e alguma água penetra no interior dos grânulos, que incham, formando um complexo gelatinoso com a água. É por isso que, quando cozinhamos castanhas, a sua textura se altera.

Existem várias espécies de castanha. As mais comuns são a camarinha, a judia, e a longal ou enxerta.

A castanha tem aplicações na medicina. As folhas, a casca, as flores e o fruto têm sido utilizados devido às suas propriedades curativas e profiláticas, adstringentes, sedativas, tónicas, vitamínicas, remineralizantes e estomáquicas.

Pelo seu valor nutritivo e energético, era utilizada outrora em vários estados de mal-estar e doença. É também tónica, estimulante cerebral e sexual, anti-anémica (castanha crua), anticéptica e revitalizante. Para afinar as cordas vocais e debelar a faringite e a tosse nada melhor do que gargarejos com infusão de folhas de castanheiro ou de ouriços.

A castanha constitui um tema para ditos, lengalengas, canções, quadras e contos populares, sobretudo no Nordeste Transmontano.

As castanhas assadas e descascadas ou peladas tomam o nome de bilhós (bullós em galego).